sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Tragédia em Balsas

Policiais matam mulher e atiram em outra durante blitz sem identificação em Balsas-MA

Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)
  • Reprodução
    Carro em que estavam as duas garotas foi perseguido e alvejado de balas por policiais militares
    Carro em que estavam as duas garotas foi perseguido e alvejado de balas por policiais militares
Policiais militares à paisana mataram uma mulher de 23 anos e balearam a irmã dela, de 27 anos, no município de Balsas (MA), depois que o veículo em que elas estavam não parou em uma barreira policial na BR-230, na madrugada desta quinta-feira (15). O bloqueio não estava identificado. Karina Brito Ferreira, 23, foi atingida por um tiro no peito e morreu ainda dentro do carro. A irmã dela, Kamila Brito Ferreira, 27, foi baleada no braço e não corre risco de morrer.
Segundo a família, as irmãs voltavam de um velório quando se depararam com o bloqueio da polícia, mas se assustaram achando que se tratava de um assalto por não ter identificação policial. Kamila dirigia o veículo e acelerou. Em seguida, a polícia iniciou a perseguição e oficiais começaram a atirar, sem que houvesse, segundo a família, nenhum sinal de que alguém estivesse armado dentro do veículo.
Arquivo pessoal
Karina Britto tinha 23 anos e morreu após ser atingida por um tiro no peito
Assustada e com a irmã baleada, Kamila tentou chegar ao hospital para pedir socorro, mas bateu em uma mureta no centro da cidade. A família acusa ainda que a polícia continuou atirando na parte da frente do carro depois que ele parou.
O tio das jovens, José de Sousa, disse que a sobrinha está em estado de choque e que, mesmo sem reação, os policias continuaram atirando. "Quando nos avisaram do ocorrido, vim logo ao hospital saber como Kamila estava. Ela contou que os policiais não paravam de atirar mesmo quando o carro parou. Estamos estarrecidos com essa tragédia", disse.
Kamila está internada no Hospital Balsas Urgente, onde foi submetida a uma cirurgia e não corre risco de morte. O corpo de Karina foi submetido a necropsia no IML (Instituto Médico Legal) da cidade de Imperatriz e liberado para ser enterrado. A família não informou onde vai ocorrer o funeral.
A Polícia Militar justificou que os policiais atiraram porque acreditaram que o veículo estava com uma quadrilha de assaltantes que explodiu agências dos bancos do Brasil e Bradesco no município de Fortaleza dos Nogueiras, na noite de terça-feira (13). Uma equipe de PMs do 4º BPM fechou a BR-230 para dar suporte a outro grupo de oficiais que iam abordar um imóvel em que estariam os suspeitos do assalto quando o veículo com as duas irmãs passou pela barreira.
"A polícia militar não queria que isso acontecesse, a intenção era prender uma quadrilha de assaltantes a banco que aterrorizava a cidade. Quando a jovem motorista saiu em disparada, ela estava próximo à residência que estava para ser abordada e os policias não sabiam que se tratava de duas jovens. A rodovia estava praticamente fechada e esse carro passou pelo acostamento. Esses policiais dispararam e acertaram a jovem, mas o intuito da polícia era ter uma operação boa, mas infelizmente o fato aconteceu", explicou o comandante do 4º BPM, tenente coronel Juarez Medeiros, admitindo que houve falha na operação.
A Polícia Civil informou que abriu inquérito para investigar o caso e vai fazer o confronto balístico dos tiros que atingiram as irmãs com as armas usadas pelos policiais para identificar os autores dos disparos. Ainda não há previsão do resultado da perícia, porém a Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito, podendo este tempo ser prorrogado por igual período. O carro está recolhido na delegacia regional de Balsas.
"Solicitamos a extração de eventuais projéteis que estiverem no corpo da jovem durante a necropsia. O carro foi periciado e instauramos inquérito para apurar as responsabilidades de cada um. Como eram muitos policiais na operação, só mesmo a confrontação balística para identificar de qual foi a arma foi disparado o projétil que atingiu a vítima", disse o delegado regional Fagno Vieira.
Por profº. Gilvan

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